sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz 2011

O melhor ano é sempre o próximo.

Que 2011 seja mais um ano de lutas em defesa do povo.

Junte-se a nós.

O futuro é agora. Feliz 2011.

CENTRO ACADÊMICO DE HISTÓRIA
"Gestão FILHOS DA PÚBLICA 5ª"

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

20 PONTOS PARA REFLEXÃO

Um ano está perto de acabar e outro de começar. Tempo de resumos.
Fiquem descansados: nada de reflexões pseudo-filosóficas.

Só alguns dados.

1. Segundo a UN Conference on Trade and Development (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e o Desenvolvimento), o número de "Países menos desenvolvidos" dobrou nos últimos 40 anos.

2. Os "Países menos desenvolvidos" gastaram 9 bilhões de Dólares para as importações de alimentos em 2002. Em 2008 este montante subiu para 23 biliões de Dólares .


3. O rendimento médio per capita nos Países mais pobres da África caiu de 1/4 nos últimos 20 anos.


4. Bill Gates tem um património líquido da ordem de 50 bilhões de Dólares. Existem cerca de 140 Países no mundo que têm um PIB anual menor do que a riqueza de Bill Gates.

5. Um estudo do World Institute for Development Economics Research (Instituto Mundial de Investigação sobre Economia do Desenvolvimento) mostra que a metade inferior da população mundial, detém cerca de 1% da riqueza global .

6. Cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo vai para a cama com fome todas as noites.

7. 2% das pessoas mais ricas detêm mais de metade de todo o património imobiliário do mundo.

8. Estima-se que mais de 80% da população mundial vive em Países onde o fosso entre ricos e pobres está a crescer.

9. A cada 3,6 segundos alguém morre de fome, e 3/4 são crianças com menos de 5 anos .

10. Segundo a Gallup, 33% da população mundial afirma não ter dinheiro suficiente para comprar comida.

11. Enquanto estamos a ler este artigo, 2,6 bilhões de pessoas em todo o mundo estão a sofrer com a falta de serviços básicos de saúde.

12. Segundo o mais recente "Global Wealth Report" do Credit Suisse, 0,5% das pessoas mais ricas controlam mais de 35% da riqueza global .

13. Mais de 3 biliões de pessoas, quase metade da população mundial a , vivem com menos de 2 Dólares por dia.

14. O fundador da CNN, Ted Turner, é o maior proprietário privado de terras nos Estados Unidos. Hoje, Turner é dono de cerca de 2 milhões de hectares, mais de 8.000 quilómetros quadrados de terra. Esta quantidade é maior do Delaware e Rhode Island juntos . Turner também pede restrições impostas pelo governo para limitar a 2 ou menos filhos por casal , na óptica dum controle do crescimento populacional.

15. 400 milhões de crianças no mundo não têm acesso a água potável.


16. Aproximadamente 28% das crianças dos Países em desenvolvimento são consideradas desnutridas ou têm um crescimento reduzido devido à desnutrição.

17. Estima-se que os Estados Unidos detêm cerca de 25% da riqueza total do mundo.

18. Estima-se que o inteiro continente Africano possui apenas 1% da riqueza total do mundo.

19. Em 2008, cerca de 9 milhões de crianças morreram antes da idade de cinco anos. Cerca de 1 / 3 de todas essas mortes deveu-se, directa ou indirectamente, à escassez de alimentos.

20. A mais famosa família de banqueiros do mundo, os Rothschilds, acumulou fortunas imensas enquanto o resto do mundo ficou preso na pobreza. Aqui está o que diz Wikipedia
(versão inglesa) sobre a riqueza da família Rothschild: Alegou-se que durante o século 19, a família teve de longe a maior fortuna privada do mundo, e de longe a maior fortuna da história moderna.
Fonte: The Economic Collapse

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Reflita nesse Natal



James Petras
Os tempos eram duros para José e Maria. A bolha imobiliária explodira. O desemprego aumentava entre trabalhadores da construção civil. Não havia trabalho, nem mesmo para um carpinteiro qualificado. Os colonatos ainda estavam a ser construídos, financiados principalmente pelo dinheiro judeu da América, contribuições de especuladores de Wall Street e donos de antros de jogo.


"Bem", pensou José, "temos algumas ovelhas e oliveiras e Maria cria galinhas". Mas José preocupava-se, "queijo e azeitonas não chegam para alimentar um rapaz em crescimento. Maria vai dar à luz o nosso filho um dia destes". Os seus sonhos profetizavam um rapaz robusto a trabalhar ao seu lado… multiplicando pães e peixes.
Os colonos desprezavam José. Este raramente ia à sinagoga, e nas festividades chegava tarde para fugir à dízima. A sua modesta casa estava situada numa ravina próxima, com água duma ribeira que corria o ano inteiro. Era mesmo um local de eleição para a expansão dos colonatos. Por isso quando José se atrasou no pagamento do imposto predial, os colonos apropriaram-se da casa dele, despejaram José e Maria à força e ofereceram-lhes bilhetes só de ida para Jerusalém.
José, nascido e criado naquelas colinas áridas, resistiu e feriu uns tantos colonos com os seus punhos calejados pelo trabalho. Mas acabou abatido sobre a sua cama nupcial, debaixo da oliveira, num desespero total.
Maria, muito mais nova, sentia os movimentos do bebê. A sua hora estava a chegar.
"Temos que encontrar um abrigo, José, temos que sair daqui… não há tempo para vinganças", implorou.
José, que acreditava no "olho por olho" dos profetas do Antigo Testamento, concordou contrariado.
E foi assim que José vendeu as ovelhas, as galinhas e outros pertences a um vizinho árabe e comprou um burro e uma carroça. Carregou o colchão, algumas roupas, queijo, azeitonas e ovos e partiram para a Cidade Santa.
O trilho era pedregoso e cheio de buracos. Maria encolhia-se em cada sacudidela; receava que o bebê se ressentisse. Pior, estavam na estrada para os palestinos, com postos de controlo militares por toda a parte. Ninguém tinha avisado José que, enquanto judeu, podia ter-se metido por uma estrada lisa pavimentada – proibida aos árabes.
Na primeira barragem José viu uma longa fila de árabes à espera. Apontando para a mulher muito grávida, José perguntou aos palestinos, meio em árabe, meio em hebreu, se podiam continuar. Abriram uma clareira e o casal avançou.
Um jovem soldado apontou a espingarda e disse a Maria e a José para se apearem da carroça. José desceu e apontou para a barriga da mulher. O soldado deu meia volta e virou-se para os seus camaradas. "Este árabe velho engravida a rapariga que comprou por meia dúzia de ovelhas e agora quer passar".
José, vermelho de raiva, gritou num hebreu grosseiro, "Eu sou judeu. Mas ao contrário de vocês… respeito às mulheres grávidas".
O soldado empurrou José com a espingarda e mandou-o recuar: "És pior do que um árabe – és um velho judeu que violas raparigas árabes".
Maria, assustada com o caminho que as coisas estavam a tomar, virou-se para o marido e gritou, "Pára, José, ou ele dispara e o nosso bebê vai nascer órfão".
Com grande dificuldade, Maria desceu da carroça. Apareceu um oficial do posto da guarda, a chamar por uma colega, "Oh Judi, apalpa-a por baixo do vestido, ela pode ter bombas escondidas".
"Que se passa? Já não gostas de ser tu a apalpá-las?" respondeu Judith num hebreu com sotaque de Brooklyn. Enquanto os soldados discutiam, Maria apoiou-se no ombro de José. Por fim, os soldados chegaram a um acordo.
"Levanta o vestido e o que tens por baixo", ordenou Judith. Maria ficou branca de vergonha. José olhava para a espingarda desmoralizado. Os soldados riam-se e apontavam para os peitos inchados de Maria, gracejando sobre um terrorista ainda não nascido com mãos árabes e cérebro judeu.
José e Maria continuaram a caminho da Cidade Santa. Foram freqüentes vezes detidos nos postos de controlo durante a caminhada. Sofriam sempre mais um atraso, mais indignidades e mais insultos gratuitos proferidos por sefarditas e asquenazes, homens e mulheres, leigos e religiosos – todos soldados do povo Eleito.
Já era quase noite quando Maria e José chegaram finalmente ao Muro. Os portões já estavam fechados. Maria chorava em pânico, "José, sinto que o bebê está a chegar. Por favor, arranja qualquer coisa depressa".
José entrou em pânico. Viu as luzes duma pequena aldeia ali ao pé e, deixando Maria na carroça, correu para a casa mais próxima e bateu à porta com força. Uma mulher palestina entreabriu a porta e espreitou para a cara escura e agitada de José. "Quem és tu? O que é que queres?"
"Sou José, carpinteiro das colinas do Hebron. A minha mulher está quase a dar à luz e preciso de um abrigo para proteger Maria e o bebê". Apontando para Maria na carroça do burro, José implorava na sua estranha mistura de hebreu e árabe.
"Bem, falas como um judeu mas pareces mesmo um árabe", disse a mulher palestina a rir enquanto o acompanhava até a carroça.
A cara de Maria estava contorcida de dores e de medo; as contrações estavam a ser mais freqüentes e intensas.
A mulher disse a José que levasse a carroça de volta para um estábulo onde se guardavam as ovelhas e as galinhas. Logo que entraram, Maria gritou de dor e a palestina, a que entretanto se juntara uma parteira vizinha, ajudou rapidamente a jovem mãe a deitar-se numa cama de palha.
E assim nasceu a criança, enquanto José assistia cheio de temor.
Aconteceu que passavam por ali alguns pastores, que regressavam do campo, e ouviram uma mistura de choro de bebê e de gritos de alegria e se apressaram a ir até ao estábulo levando as suas espingardas e leite fresco de cabra, sem saber se iam encontrar amigos ou inimigos, judeus ou árabes. Quando entraram no estábulo e depararam com a mãe e o menino, puseram de lado as armas e ofereceram o leite a Maria que lhes agradeceu tanto em hebreu como em árabe.
E os pastores ficaram estupefatos e pensaram: Quem seria aquela gente estranha, um pobre casal judeu, que chegara em paz com uma carroça com inscrições árabes?
As novas espalharam-se rapidamente sobre o estranho nascimento duma criança judia mesmo junto ao Muro, num estábulo palestino. Apareceram muitos vizinhos que contemplavam Maria, o menino e José.
Entretanto, soldados israelenses, equipados com óculos de visão noturna, reportaram das suas torres de vigia que cobriam a vizinhança palestina: "Os árabes estão a reunir-se mesmo junto ao Muro, num estábulo, à luz das velas".
Abriram-se os portões por baixo das torres de vigia e de lá saíram caminhões blindados com luzes brilhantes, seguidos por soldados armados até aos dentes que cercaram o estábulo, os aldeões reunidos e a casa da mulher palestina. Um altofalante disparou, "Saiam cá para fora com as mãos no ar ou disparamos". Saíram todos do estábulo, juntamente com José, que deu um passo em frente de braços virados para o céu e falou, "A minha mulher Maria não pode obedecer às vossas ordens. Está a amamentar o menino Jesus".
O original encontra-se em http://petras.lahaine.org/articulo.php?p=1831&more=1&c=1. Tradução de Margarida Ferreira.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Observem como o capitalismo trabalha contra a saúde humana

Nestlé mata Água Mineral São Lourenço
As águas turvas da Nestlé.

Transcrito integralmente de http://www.google.com.br/url?sa=t&source=web&cd=3&ved=0CCUQFjAC&url=http%3A%2F%2Falmacks.blogspot.com%2F2010%2F12%2Fnestle-esta-matando-agua-mineral-de-sao.html&ei=sKYSTczHAYH98AaY7ejIDQ&usg=AFQjCNHzWKXqyVGM1s56PFFRtGktxFYAuA&sig2=JRYFn8KdsLlUR6Lm4XvuYA

Há alguns anos a Nestlé vem utilizando os poços de água mineral de São Lourenço para fabricar água marca PureLife. Diversas organizações da cidade vêm combatendo a prática, por muitas razões.
As águas minerais, de propriedades medicinais, e baixo custo, eram um eficiente e barato tratamento médico para diversas doenças, que entrou em desuso, a partir dos anos 50, pela maciça campanha dos laboratórios farmacêuticos para vender suas fórmulas químicas através dos médicos. Mas o poder dessas águas permanece. Médicos da região, por exemplo, curam a anemia das crianças de baixa renda apenas com água ferruginosa.
Para fabricar a PureLife, a Nestlé, sem estudos sérios de riscos à saúde, desmineraliza a água e acrescenta sais minerais de sua patente.
A desmineralização de água é proibida pela Constituição.
Cientistas europeus afirmam que nesse processo a Nestlé desestabiliza a água e acrescenta sais minerais para fechar a reação.
Em outras palavras, a PureLife é uma água química.
A Nestlé está faturando em cima de um bem comum, a água, além de o estar esgotando por não obedecer às normas de restrição de impacto ambiental, expondo a saúde da população a riscos desconhecidos. O ritmo de bombeamentoda Nestlé está acima do permitido.
Troca de dutos na presença de fiscais é rotina. O terreno do Parque das Águas de São Lourenço está afundando devido ao comprometimento dos lençóis subterrâneos. A extração em níveis além do aceito está comprometendo os poços minerais, cujas águas têm um lento processo de formação.
Dois poços já secaram. Toda a região do sul de Minas está sendo afetada, inclusive estâncias minerais de outras localidades.
Durante anos a Nestlé vinha operando, sem licença estadual. E finalmente obteve essa licença no início de 2004.
Um dos brasileiros atuantes no movimento de defesa das águas de São Lourenço, Franklin Frederick, após anos de tentativas frustradas junto ao governo e imprensa para combater o problema, conseguiu apoio, na Suíça, para interpelar a empresa criminosa. A Igreja Reformista, a Igreja Católica, Grupos Socialistas e a ong verde ATTAC uniram esforços contra a Nestlé, que já havia tentado a mesma prática na Suíça.
Em janeiro deste ano, graças ao apoio desses grupos, Franklin conseguiu interpelar pessoalmente, e em público, o presidente mundial do Grupo Nestlé. Este, irritado, respondeu que mandaria fechar imediatamente a fábrica da Nestlé em São Lourenço.
No dia seguinte, o governo de Minas (PSDB), baixou portaria que regulamentava a atividade da Nestlé. Ao invés de multas, uma autorização, mesmo ferindo a legislação federal. Sem aproveitar o apoio internacional para o caso, apoiou uma corporação privada de histórico duvidoso. Se a grande imprensa brasileira, misteriosa e sistematicamente vem ignorando o caso, o mesmo não ocorre na Europa, onde o assunto foi publicado em jornais de vários países, além de duas matérias de meia hora na televisão.
Em uma dessas matérias, o vereador Cássio Mendes, do PT de São Lourenço, envolvido na batalha contra a criminosa Nestlé, reclama que sofreu pressões do Governo Federal (PT), para calar a boca.
Teria sido avisado de que o pessoal da Nestlé apóia o Programa Fome Zero e não está gostando do barulho em São Lourenço.
Diga-se também que a relação espúria da Nestlé com o Fome Zero é outro caso sinistro.
A empresa, como estratégia de marketing, incentiva os consumidores a comprar seus produtos, alegando que reverte lucros para o Fome Zero.
E qual é a real participação da Nestlé no programa? A contratação de agentes e, parece, também fornecendo o treinamento.
Sim, a famosa Nestlé, que tem sido há décadas alvo internacional de denúncias de propaganda mentirosa, enganando mães pobres e educadores para a substituição de leite materno por produtos Nestlé, em um dos maiores crimes contra a humanidade.
A vendedora de leites e papinhas "substitutos" estaria envolvida com o treinamento dos agentes brasileiros do Fome Zero, recolhendo informações e gerando lucros e publicidade nas duas pontas do programa: compradores desejosos de colaborar e famintos carentes de comida e informação. Mais preocupante: o Governo Federal anuncia que irá alterar a legislação, permitindo a desmineralização "parcial" das águas. O que é isso? Como será regulamentado?
Se a Nestlé vinha bombeando água além do permitido e a fiscalização nada fez, como irão fiscalizar a tal desmineralização "parcial"? Além do que, "parcial" ou "integral", a desmineralização é combatida por cientistas e pesquisadores de todo o mundo.
E por que alterar a legislação em um item que apenas interessa à Nestlé?
O que nós cidadãos ganhamos com isso?
É simples, Sabemos que outras empresas, como a Coca-Cola, estão no mesmo caminho da Nestlé, adquirindo terrenos em importantes áreas de fontes de água. É para essas empresas que o governo governa?

Uma vergonha !!!
Colabore. Transmita estas informações para outras pessoas e não consuma o que prejudica a saúde.

Mais informações sobre o caso Nestlé em

http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/NESTLE+E+IMPEDIDA+EXPLORAR+POCO+DE+AGUA+MINERAL+EM+SAO+LOURENCO+MG_425.shtml
de 23/04/2004 -Nestlé é impedida explorar poço de água mineral em São Lourenço (MG)

http://www.perfuradores.com.br/index.php?CAT=pocosagua&SPG=noticias&TEMA=Not%C3%ADcia&NID=0000000311
de 18-02-2003 - SÃO LOURENÇO PEDE JUSTIÇA




terça-feira, 21 de dezembro de 2010

WikiLeaks e a "blogueira" agente da CIA Yoaní

Blogueira cubana pediu aos EUA para ter acesso a compras na web

Transcrito integralmente de http://josemartirj.webnode.com/news/blogueira-cubana-pediu-aos-eua-para-ter-acesso-a-compras-na-web/


2010-12-21 12:51

Em visita que realizou a Havana, em setembro de 2009, para dialogar sobre o restabelecimento de correspondência direta entre Cuba e os Estados Unidos, a subsecretária de Estado adjunta para a América Latina, Bisa Williams deve ter se surpreendido com a solicitação que lhe fez a blogueira Yoani Sánchez: levantar a restrição que a impede de fazer compras pela Internet.

“Sabe quanto mais poderíamos fazer?”, sugere a blogueira à funcionária norte-americana de mais alto nível que visitou Cuba em décadas, aludindo, com o termo “poder fazer”, à “luta” para derrocar o governo de Cuba através do acesso livre ao mercado on line.


A insólita revelação aparece em um despacho vazado por WikiLeaks, publicado no ultimo domingo (19) pelo sítio norte-americano “Along the Malecon”.


O informe, assinado pelo chefe do Escritório de Interesses dos Estados Unidos em Havana, Jonathan Farrar, e enviado ao Departamento de Estado da sede diplomática estadunidense em Havana, no dia 25 de setembro de 2009, descreve a “calorosa” acolhida que o governo de Cuba dispensou a Bisa Williams. Diz também que a subsecretária se reuniu com “dissidentes”.

Ao referir-se ao encontro que a funcionária teve com os blogueiros protegidos pelos Estados Unidos, Farrar afirma: “Os blogueiros, que, em parte por sua própria preservação, não querem estar agrupados com a comunidade dissidente, estavam igualmente otimistas com o curso dos acontecimentos. ‘Uma melhora das relações dos Estados Unidos é absolutamente necessária para que surja a democracia aqui’, disse a pioneira dos blogs a Williams em seu modesto apartamento. Segundo a revista Time, a blogueira é uma das cem pessoas mais influentes. ‘As restrições só nos prejudicam’, acrescentando: ‘Sabe quanto mais poderíamos fazer se pudéssemos usar o Pay Pal ou comprar coisas on line com um cartão de crédito?’”


A única blogueira que foi incluída na lista de famosos da revista Time – certamente poucos meses depois que seu blog começou a ser publicado – é Yoani Sanchez. Ela lançou seu blog em abril de 2007 e em março recebia o prêmio Ortega y Gasset de Jornalismo – dirigido pelo Grupo Prisa da Espanha, também envolvido por essa época em reuniões contra Cuba organizadas por funcionários norte-americanos, de acordo com WikiLeaks. A blogueira Yoani Sanchez foi, assim, premiada menos de um ano depois de seu primeiro post na Internet e sem ter nenhum antecedente como jornalista ou nos círculos literários de Cuba


Desde abril de 2007 até hoje, Yoani Sánchez foi privilegiada não só pela publicidade, recursos técnicos e de tradução para sua visibilidade na Internet, mas com o apoio das autoridades norte-americanas que, de acordo com outros documentos divulgados por WikiLeaks, depositam nela grandes esperanças e a utilizam para dar imagem à retórica contra Cuba.


De acordo com os vazamentos, o chefe do Escritório de Interesses dos Estados Unidos em Havana assegurou que “é a nova geração de ‘dissidentes não tradicionais’, como (a blogueira) Yoanny Sánchez (sic!), que poderia ter um maior impacto de longo prazo na Cuba da era pós-Castro”.


A partir da data em que esse despacho foi feito, se intensificaram os prêmios em instituições norte-americanas e européias à pessoa em que os Estados Unidos dizem depositar suas esperanças para o triunfo de sua política na Ilha.


Apesar de tudo isso, as revelações de WikiLeaks não são segredo nem mistério para ninguém. Os EUA não escondiam suas preferências por este setor da “oposição” cubana. A maior partida de fundos públicos que os Estados Unidos destinam a um grupo para promover a mudança de governo em Cuba é enviada aos blogueiros e tuiteiros, com mais de 5 milhões de dólares por ano, de acordo com documentos revelados pelo Senado norte-americano e que qualquer pessoa pode consultar.


O Novo Herald publicou, em 9 de abril deste ano, que o governo dos Estados Unidos enviou a Cuba, até dezembro de 2009, durante todos os meses, de duas a cinco pessoas contratadas para dar “ajuda técnica e financeira” a “dissidentes”, blogueiros e tuiteiros.


Os fundos do governo dos Estados Unidos para os programas de subversão contra Cuba – que somaram 45 milhões de dólares nos anos fiscais de 2009 e 2010 – são administrados através de uma complexa rede de organizações não governamentais e empresas privadas e disfarces da CIA, que organizam a entrega de tecnologia de telecomunicações e dinheiro vivo a supostos oposicionistas cubanos, que se convertem tacitamente em empregados do governo norte-americano.


Jovens na rede, objetivo dos EUA em Cuba


Em outro despacho divulgado no domingo (19) proveniente dos vazamentos de WikiLeaks, datado de 27 de novembro de 2006, o ex-chefe do Escritório de Interesses dos Estados Unidos em Havana, Michel E. Parmly, descreve uma reunião de funcionários dessa sede diplomática com “jovens ativistas pela democracia”, realizada “no quintal da residência de um diplomata norte-americano em Havana”.


Parmly escreveu que esperava que as autoridades cubanas reagissem a esse encontro com os meios de comunicação e as organizações sociais “para carimbar os jovens líderes como agentes do governo dos Estados Unidos ... (Nós) estaremos trabalhando da mesma maneira que (o governo cubano) para incentivar as ações em outra direção, mais concretamente, articulando um maior e melhor trabalho na rede com os estudantes universitários que se opõem ao regime”.


Em data muito próxima, 1º de junho de 2010, um despacho enviado pelo representante máximo da diplomacia norte-americana na Ilha, Johnatan Farrar, dedica um trecho do seu informe à blogueira e à atenção que seu governo dispensa a ela:


“O pensamento convencional em Havana é que o governo de Cuba vê os blogueiros como seu mais sério desafio, que tem dificuldades para conter como fez com os grupos tradicionais de oposição. Os dissidentes da ‘velha guarda’ têm estado bastante isolados do resto da Ilha. O governo de Cuba não presta muita atenção a seus artigos e manifestos, porque não têm ressonância nacional e possuem um peso muito limitado internacionalmente.

Temporariamente, ignorar os blogueiros também parecia dar certo. Mas a crescente popularidade internacional deles e sua habilidade de estar um passo tecnológico à frente das autoridades causam sérias dores de cabeça ao regime. Os temores de que o problema dos blogueiros está fora de controle (do governo cubano) foram reforçados pela atenção que os Estados Unidos deu, primeiro quando (a blogueira) foi detida e golpeada e posteriormente quando o presidente (Barack Obama) respondeu a suas perguntas".


Apesar disso, os diplomatas em Havana e sua chefa,a secretária de Estado Hillary Clinton, - que dedicou um parágrafo à suposta agressão que a blogueira recebeu na brevíssima nota que divulgou no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, em 3 de maio de 2010 – jamais se deram por informados de que Yoani Sánchez nunca conseguiu apresentar as provas da agressão, posta em dúvida tacitamente por vários correspondentes internacionais em Havana.

O correspondente em Cuba do diário digital espanhol La República entrevistou os médicos que atenderam Yoani pouco depois que ela informou ter sido vítima de uma agressão em 6 de novembro de 2009. Os especialistas que estavam de plantão na noite de 7 de novembro na Policlínica Universitária 19 de Abril, de Havana, para onde se dirigiu a blogueira, asseguraram que “a paciente” não tinha o menor sinal de golpes ou ferimentos em seu corpo, embora tenha chegado com muletas ao local.


La República pendurou no Youtube as entrevistas que deram os médicos da Policlínica Universitária “19 de Abril” de Havana.



Traduzido do site Cuba Debate pela redação do Vermelho. Para ver o texto original, em espanhol, com links para os documentos divulgados por WikiLeaks, clique aqui.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Na Restinga, Prefeitura do Rio vara a madrugada com seu projeto macabro‏

Transcrito integralmente de http://brasil.indymedia.org/pt/blue/2010/12/482632.shtml

Na Restinga, Prefeitura do Rio vara a madrugada com seu projeto macabro*
Jorge Borges, direto da comunidade Vila Harmonia

Veja o vídeo onde o delinquente Alex, da subprefeitura da Barra, ataca um adolescente que simplesmente filmava mais uma ação covarde na Vila Recreio II. A 42ª DP se recusou a registrar a ocorrência. Reparem na data da gravação. Essa é a homenagem da Prefeitura do Sr Eduardo Paes e da SMH do PT ao Dia Internacional de Defesa dos Direitos Humanos!

Em nome dos Jogos Olímpicos 2016 e da Copa do Mundo 2014, nesta sexta-feira, 17/12/2010, a comunidade da Restinga foi, de novo, alvo da Prefeitura do Rio. Ao longo de todo o dia e da noite repetiram-se cenas que se tornaram comuns nas últimas semanas: prepostos da subprefeitura da Barra, irresponsáveis e truculentos como sempre, continuaram a demolir casas sem o menor respeito à dignidade humana. Logo de manhã, deram ordens para uma retroescavadeira da Odebrecht atacar uma loja cujo andar superior servia de residência a uma família inteira. Desesperados, pais, filhos e avós trancaram-se em casa e gritavam por socorro. Moradores da própria comunidade e de áreas vizinhas vieram prestar solidariedade.

A Guarda Municipal garantiu a força da covardia e arrombou portas, quebrou portões, distribuiu ofensas e agressões a moradores e apoiadores. Ao chegar ao local, uma Defensora Pública foi impedida de adentrar à casa e avaliar as condições da família. Agentes da 42ª DP, num primeiro momento, ameaçava-os com prisão e faziam todo tipo de intimidação. Ao longo da tarde, a pressão da Comissão da Alerj e da Secretaria Estadual de Direitos Humanos diminuiu o ímpeto dos inspetores. Policiais do 31º BPM assistiam tudo ao longe, sem esboçar qualquer reação a tanta ilegalidade e abuso de autoridade.

O impasse durou adentrou a noite. Às 23h, os vândalos da Prefeitura bradavam para quem quisesse ouvir que não arredariam pé da comunidade enquanto não executassem sua missão maldita. É preciso saber o que este senhor Leandro Marques anda consumindo para conseguir permanecer por tantas horas desperto e com tanta gana de destruir famílias e lares.

Uma segunda equipe de Defensores Públicos correu para o Fórum do Rio, no Centro da Cidade, visando restabelecer a legalidade na região. Só conseguiram uma decisão favorável próximo da meia-noite de sexta para sábado, enquanto a primeira Defensora Pública ficava sitiada na comunidade em apoio às famílias vítimas dos pitboys oficiais.

Já no meio da madrugada, ao longo da Avenida das Américas, se via o saldo de mais uma batalha. Móveis, pacotes de roupas e esperanças espalhadas pelo chão, próximo ao corredor viário, com carros, ônibus e carretas passando a poucos centímetros de distância. Para algumas famílias, a subprefeitura disponibilizou caminhões de mudança particulares (com que recursos? Com que procedimentos de contratação?). Para outras, restou dormir ao relento e na poeira da estrada e do desalento, ao lado de suas casas completamente destruídas e de seu futuro incerto e sombrio.

Num momento como esse, é preciso se questionar por onde andam os valorosos companheiros de luta pela Reforma Urbana. Boas intenções que se renderam ao inferno da política de “consenso” do Partido dos Trabalhadores? Vão mesmo se deixar transformar, o PT, no paladino da destruição de nossas culturas populares, dos territórios dos pobres e das perspectivas de um desenvolvimento justo, alternativo e includente? Transferindo uma parte dessa porção mais iludida de nossa população para uma condição de “classe média” ignorante, anti-cidadã, sem perspectiva de futuro, o eixo do mal PT-PMDB, na condução política da Cidade do Rio de Janeiro, mais parece uma nova República de Weimar nos trópicos e periferias do Século XXI.

Há grande preocupação também, com a postura da mídia porcorativa, particularmente com as organizações Globo, que insistem em sustentar a dimensão retórica e ideológica dessa prática funesta, espalhando mentiras para toda a Sociedade, sustentando um senso comum de ódio e de desprezo às famílias mais pobres das comunidades atingidas e, agora, também, contra o Núcleo de Terras da Defensoria Pública.

As notícias d’O Globo, publicadas nesta sexta-feira são um verdadeiro atentado contra a liberdade de expressão e colocam em cheque-mate a idoneidade e a responsabilidade dos meios de comunicação de massa dominados por meia dúzia de famílias da classe dominante. É público e notório o interesse das organizações Globo não apenas no “sucesso” de empreendimentos como as Olimpíadas e a Copa do Mundo, mas também em inúmeros projetos de incorporação imobiliária em curso na região da Área de Planejamento 4 (Barra da Tijuca, Recreio, Vargens, Jacarepaguá etc.).

Por isso, é preciso registrar e fazer circular o repúdio de todos os defensores do Estado Democrático de Direito contra a postura desses órgãos de comunicação ao atacar o Núcleo de Terras e rotulá-los como “fábrica de liminares” nos plantões noturnos. Se estes editores se negam a reconhecer a realidade, e os contornos nazi-fascistas dessa política, é porque são cúmplices diretos do projeto de destruição do senhor Eduardo de Souza Paes e de toda sua caterva.

Há espaço, há recursos, há instrumentos jurídicos e financeiros; sobretudo, há força política suficiente para desenvolver um amplo processo de regularização fundiária e de construção de novas habitações populares para todas as famílias atingidas pelo corredor Transoeste.

Entretanto, é sabido que a quadrilha instalada na Prefeitura do Rio é refém dos interesses mais globalizados do novo mercado imobiliário que se instala dia a dia na nossa Cidade. Por isso, a única coisa que falta é o principal ingrediente para que tudo isso se transformasse em realidade: vontade política e vergonha na cara dos atuais dirigentes do eixo PT-PMDB. Essa vergonhosa postura ainda vai custar muito caro a alguns deles, num futuro muito próximo.

Todos à luta! Contra o Estado de Exceção da Prefeitura do Rio! Contra a cumplicidade e a cobertura falaciosa dos jornalões! Contra a omissão dos ditos militantes da Reforma Urbana encastelados na estrutura dos Governos e que se tem feito cegos, surdos e mudos diante de tanta infâmia e desgraça oficializada!

* Ampla divulgação autorizada e estimulada por todos os meios possíveis.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Eduardo Paes e o "bota-abaixo" do Século XXI destruíndo a vida e a história de famílias inteiras

Recebemos em nosso correio eletrônico essa informação. Quem passa na Av. das Américas, altura do Recreio, conferiu a destruição sumária de dezenas de casas ali instaladas há alguns anos. Confira a transcrição da mensagem.


Monstruosidade sem limites da Prefeitura do Rio:

atacam à noite e passam a máquina com mobília e gente dentro e começam as ameaças de morte.

A Vila Recreio II, na Avenida das Américas, foi atacada mais uma vez na noite desta quarta-feira, 15/12/2010. Às 19h20 de hoje, o casebre do Sr. Luiz foi completamente destruído por uma retroescavadeira com grande parte de sua mobília ainda lá dentro. Capitaneados pelos elementos conhecidos como Alex, Balzani e Alvir, assessores do Sub-Prefeito Tiago Mohamed, cerca de quarenta homens da Guarda Municipal escoltaram um grupo de peões para fazer a derrubada da casa às margens da Avenida das Américas. Como a comunidade já foi quase toda destruída, apenas alguns poucos companheiros puderam acudir o vizinho nesse momento de insanidade e barbárie dos asseclas da Prefeitura do Rio. Ao alegarem a existência de uma decisão judicial suspendendo qualquer demolição na comunidade até que esclarecimentos sejam prestados pela Prefeitura, Alex alegou tratar-se, a decisão liminar, de um “papelzinho”. Na sequência, um dos moradores foi ameaçado pelo elemento conhecido como Alvir.

Na mesma operação, o meliante Alex foi à comunidade Vila Harmonia, a poucos metros dali, distribuir uma “notificação” para retirada imediata de todos os moradores remanescentes até a meia-noite de hoje. A perspectiva é que toda a caterva da subprefeitura da Barra se desloque nesta quinta, para a Vila Harmonia e para a Vila Recreio II, para um ataque que pode ser definitivo. O clima é de tensão absoluta e já há moradores afirmando-se dispostos a morrer por causa de tanta injustiça e tão hedionda postura de agentes supostamente públicos.

Ao se encaminharem para a 42ª DP, os moradores tiveram negado seu pedido de registro de ocorrência por parte dos inspetores de plantão. Alegaram eles que a Prefeitura “deveria ter lá suas razões e seus direitos” para proceder desta forma. Ainda nessa semana, um outro pedido de registro de ocorrência contra uma agressão direta do meliante Alex contra um morador da Vila Harmonia também foi negada pela equipe da 42ª DP.

Todas essas demolições ocorrem por conta do projeto de corredor viário Transoeste, uma rodovia de 52Km, com duas pontes, um viaduto, um túnel passando dentro de um Parque Estadual (Unidade de Conservação e Proteção Integral) e que não possui sequer um EIA/RIMA registrado no órgão ambiental do Estado do Rio de Janeiro e ainda é financiada pelo BNDES.

O obscurantismo chegou ao seu limite máximo. É a falência definitiva do Estado. É o fim da expectativa do Direito. Se não respeitam mais nem o Judiciário e se até a Polícia se recusa a registrar as ocorrências, a quem mais recorrer? Se até o Presidente da República diz que o problema não é com ele, a quem recorrer?

TODO APOIO ÀS COMUNIDADES VILA RECREIO II E VILA HARMONIA!

NESTA QUINTA, 16/12/2010, MOBILIZAÇÃO GERAL EM APOIO ÀS COMUNIDADES VILA HARMONIA E VILA RECREIO II. AMBAS FICAM ÀS MARGENS DA AVENIDA DAS AMÉRICAS, NO RECREIO DOS BANDEIRANTES. A VILA HARMONIA FICA AO LADO DO RECREIO SHOPPING.

Eis a lamentável resposta que tivemos ao encaminhar denúncias como essa para o “Fale Conosco” da Presidência da República:

“Prezado Senhor,

Em resposta a sua mensagem enviada ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, esclarecemos que o assunto apresentado é de competência da prefeitura municipal do Rio de Janeiro. Conforme determina nossa Constituição, o chefe do executivo federal não pode intervir nas questões administrativas dos municípios.

Contamos com sua compreensão.

Cordialmente,

Claudio Soares Rocha

Diretoria de Documentação Histórica

Gabinete Pessoal do Presidente da República”

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Vítimas da ditadura ainda esperam justiça

14/12/2010 22h40 - Atualizado em 15/12/2010 00h14

Corte Interamericana responsabiliza Brasil por desaparecidos no Araguaia‏

Tribunal concluiu que país é culpado pelo desaparecimento de 62 pessoas.
Para a OEA, Lei da Anistia é imcompatível com convenção.

Da Reuters

A Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) responsabilizou nesta terça-feira (14) o Brasil pelo desaparecimento de 62 pessoas entre 1972 e 1974 na região do Araguaia, norte do país, onde militantes de esquerda realizaram uma guerrilha contra o regime militar que governava o Brasil à época.

'Além disso, a Corte Interamericana concluiu que o Brasil é responsável pela violação do direito à integridade pessoal de determinados familiares das vítimas, entre outras razões, em razão do sofrimento ocasionado pela falta de investigações efetivas para o esclarecimento dos fatos', disse a corte em comunicado.

A corte concluiu ainda que dispositivos da Lei da Anistia, de agosto de 1979, são incompatíveis com a Convenção Americana sobre os Direitos Humanos.

O tribunal considera que esses dispositivos 'impedem a investigação e sanção de graves violações de direitos humanos', e considerou que eles 'não podem continuar representando um obstáculo para a investigação dos fatos do caso, nem para a identificação e a punição dos responsáveis'.

'A Corte Interamericana reconheceu e valorou positivamente as numerosas iniciativas e medidas de reparação adotadas pelo Brasil e dispôs, entre outras medidas, que o Estado investigue penalmente os fatos do presente caso por meio da justiça ordinária', afirma o comunicado.

Transcrito integralmente de http://g1.globo.com/politica/noticia/2010/12/corte-interamericana-culpa-brasil-por-desaparecidos-no-araguaia-1.html

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Wikileaks e Álvaro Uribe

Através do Wikileaks, surgem várias informações de extrema importância para entender o atual momento da política internacional e as garras do imperialismo estadunidense sobre os povos livres das Américas, se utilizando de governos fantoches como era o do ex-presidente colombiano Álvaro Uribe.
Uribe pensou em usar força para conter Hugo Chávez
Uribe considerava que Chávez tinha um plano expansionista na região.
E acreditava que o venezuelano planejava usar as Farc como milícia própria.

France Presse
O ex-presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, contemplou a possibilidade de utilizar a força para conter o que considerava um projeto expansionista do venezuelano Hugo Chávez, segundo um telegrama confidencial do Departamento de Estado divulgado pelo site WikiLeaks.

"A melhor forma de enfrentar Chávez, segundo o ponto de vista de Uribe, continua sendo a ação, incluindo o uso da força militar", afirma uma nota da embaixada americana em Bogotá com data de 17 de janeiro de 2008, no qual se reporta um encontro entre o então presidente colombiano e o comandante do Estado-Maior conjunto dos Estados Unidos, Michael Mullen.

Uribe considerava que Chávez tinha um plano expansionista na região, em um prazo de cinco a sete anos, e acreditava que o venezuelano planejava usar as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) como sua própria milícia na Colômbia.

Na conversa, Uribe destacou também que estava disposto a enviar forças colombianas à Venezuela para que prendessem neste país líderes das Farc.

Além disso, manifestou preocupação com a possibilidade de Chávez reconhecer as guerrilhas das Farc e do Exército de Libertação Nacional (ELN) como "forças beligerantes" e insistiu que deveriam permanecer nas listas de organizações terroristas.

Transcrito integralmente de http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/12/wikileaks-uribe-pensou-em-usar-forca-para-conter-chavez.html

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Wikileaks e José Serra‏

WikiLeaks é um grande serviço prestado, para mostrar o abutre imperialismo estadunidense sedento por nossas riquezas.

Veja por que a "impren$a burgue$a" e o capital internacional fizeram de tudo para eleger José Serra presidente.

Transcrito integralmente de http://www1.folha.uol.com.br/poder/844645-petroleiras-americanas-eram-contra-novas-regras-para-pre-sal.shtml

13/12/2010 - 07h03

Petroleiras americanas eram contra novas regras para pré-sal

JULIANA ROCHA
DE BRASÍLIA
CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO

Atualizado às 13h51.

As petroleiras americanas não queriam a mudança no marco de exploração de petróleo no pré-sal que o governo aprovou no Congresso, e uma delas ouviu do então pré-candidato favorito à Presidência, José Serra (PSDB), a promessa de que a regra seria alterada caso ele vencesse.

É isso que mostra telegrama diplomático dos EUA, de dezembro de 2009, obtido pelo site WikiLeaks (www.wikileaks.ch). A organização teve acesso a milhares de despachos. A Folha e outras seis publicações têm acesso antecipado à divulgação no site do WikiLeaks.

Veja como funciona o WikiLeaks
Veja as principais revelações do WikiLeaks
Leia a cobertura completa sobre WikiLeaks
Leia íntegra dos arquivos do WikiLeaks obtidos pela Folha

"Deixa esses caras [do PT] fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava... E nós mudaremos de volta", disse Serra a Patricia Pradal, diretora de Desenvolvimento de Negócios e Relações com o Governo da petroleira norte-americana Chevron, segundo relato do telegrama.

Um dos responsáveis pelo programa de governo de Serra, o economista Geraldo Biasoto confirmou que a proposta do PSDB previa a reedição do modelo passado.

"O modelo atual impõe muita responsabilidade e risco à Petrobras", disse Biasoto, responsável pela área de energia do programa. "Havia muito ceticismo quanto à possibilidade de o pré-sal ter exploração razoável com a mudança de marcos regulatórios que foi realizada."

Segundo Biasoto, essa era a opinião de Serra e foi exposta a empresas do setor em diferentes reuniões, sendo uma delas apenas com representantes de petroleiras estrangeiras. Ele diz que Serra não participou dessa reunião, ocorrida em julho deste ano. "Mas é possível que ele tenha participado de outras reuniões com o setor", disse.

SENSO DE URGÊNCIA

O despacho relata a frustração das petrolíferas com a falta de empenho da oposição em tentar derrubar a proposta do governo brasileiro.

O texto diz que Serra se opõe ao projeto, mas não tem "senso de urgência". Questionado sobre o que as petroleiras fariam nesse meio tempo, Serra respondeu, sempre segundo o relato: "Vocês vão e voltam".

A executiva da Chevron relatou a conversa ao representante de economia do consulado dos EUA no Rio.

A mudança que desagradou às petroleiras foi aprovada pelo governo na Câmara no começo deste mês.

Desde 1997, quando acabou o monopólio da Petrobras, a exploração de campos petrolíferos obedeceu a um modelo de concessão.

Nesse caso, a empresa vencedora da licitação ficava dona do petróleo a ser explorado -pagando royalties ao governo por isso.

Com a descoberta dos campos gigantes na camada do pré-sal, o governo mudou a proposta. Eles serão licitados por meio de partilha.

Assim, o vencedor terá de obrigatoriamente partilhar o petróleo encontrado com a União, e a Petrobras ganhou duas vantagens: será a operadora exclusiva dos campos e terá, no mínimo, 30% de participação nos consórcios com as outras empresas.

A Folha teve acesso a seis telegramas do consulado dos EUA no Rio sobre a descoberta da reserva de petróleo, obtidos pelo WikiLeaks.

Datados entre janeiro de 2008 e dezembro de 2009, mostram a preocupação da diplomacia dos EUA com as novas regras. O crescente papel da Petrobras como "operadora-chefe" também é relatado com preocupação.

O consulado também avaliava, em 15 de abril de 2008, que as descobertas de petróleo e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) poderiam "turbinar" a candidatura de Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil.

O consulado cita que o Brasil se tornará um "player" importante no mercado de energia internacional.

Em outro telegrama, de 27 de agosto de 2009, a executiva da Chevron comenta que uma nova estatal deve ser criada para gerir a nova reserva porque "o PMDB precisa de uma companhia".

Texto de 30 de junho de 2008 diz que a reativação da Quarta Frota da Marinha dos EUA causou reação nacionalista. A frota é destinada a agir no Atlântico Sul, área de influência brasileira.

José Serra nega afirmação: "Isso não faz sentido"

Procurado pela Folha, José Serra negou ter feito as afirmações a ele atribuídas no telegrama. "Nunca recebi empresas individualmente, portanto, não recebi esta representante [Patricia Pradal, diretora da petroleira Chevron]", disse ele, por meio de sua assessoria. "Não falei isso porque não faz sentido, alguém vendeu 'mercadoria falsa'.

O modelo que vigorava naquela época era o modelo anterior. Isso [o teor do telegrama] não faz sentido. Além disso, o relato não corresponde ao meu modo de falar. É um estilo que não é o meu".


Editoria de Arte/Folhapress

sábado, 11 de dezembro de 2010

VIII Semana de História UERJ 2010 garante grande doação de livros para nossa biblioteca

Algumas das doações conseguidas pelo CAHIS à nossa biblioteca

A VIII Semana de História UERJ 2010 organizada pelo CAHIS em outubro garantiu uma grande doação de livros à nossa biblioteca. A Gestão Filhos da Pública IV, a partir de uma lista elaborada pelos funcionários da biblioteca com os livros mais procurados que estavam em falta, solicitou doações aos livreiros que estiveram durante o evento no hall do 9º andar. Todos os comerciantes que participaram da semana de história fizeram doações via CAHIS, inclusive os vendedores de revistas. Agradecemos também aos pesquisadores Jaime Benchimol e Simone Kropff que palestraram no evento e trouxeram revistas acadêmicas da Fiocruz.

Segue a listagem completa:

Livros:

Estrutura Social e Formas de Consciência: A Determinação Social do Método – István Mészáros. (2 exemplares)

O Séc XXI Socialismo ou Barbárie - István Mészáros. (2 exemplares)

A Dialética do Trabalho – Ricardo Antunes. (2 exemplares)

O Estado e a Revolução – Lenin. (2 exemplares)

O Povo Brasileiro – Darcy Ribeiro. (2 exemplares)

O Surgimento da Revolução Francesa – Georges Lefebvre 1789. (2 exemplares)

A América Latina: Entre a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria – Leslie Bethell e Ian Roxborough. (2 exemplares)

A Crise Estrutural do Capital - István Mészáros (2 exemplares)

Atualidade Histórica da Ofensiva Socialista - István Mészáros (2 exemplares)

Depois da Queda - Emir Sader (1 Exemplar)

A Integração do Negro na Sociedade de Classes - Florestan Fernandes 2 Volumes (1 exemplar de cada)


Revistas Acadêmicas:

Revista de História da Biblioteca Nacional - Edições: 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61.

Leituras da História - Edições:10, 15, 19, 21, 24, 25.

Sociologia N°: 26.

Filosofia N°: 16, 34, 37.

História Ciência Saúde - Fiocruz Vol. 16 (1 exemplar) e vol.17 (3 exemplares)




sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O rastro dos "herois"

Transcrito de http://www.google.com/url?sa=t&source=web&cd=2&ved=0CCMQFjAB&url=http%3A%2F%2Fextra.globo.com%2Fgeral%2Fcasodepolicia%2Fposts%2F2010%2F12%2F10%2Fvila-cruzeiro-moradores-acusam-marinha-por-estragos-348248.asp&ei=TacCTZH_Hoet8Aaf9JjnAg&usg=AFQjCNF2R1R8-j7P1yS2htNNqO6QdXP3EQ&sig2=WM2WS040OCsHHB_VSRMNDw


Enviado por Marcelo Dias e Priscilla Souza -
10.12.2010
| 01h37m

Vila Cruzeiro: moradores acusam Marinha por estragos


Veja os estragos provocados por blindados
da Marinha, segundo moradores

Ao esmagar os pilares da fortaleza do narcotráfico no Rio, a Marinha também abalou as estruturas de moradores que sofreram os efeitos colaterais da operação militar iniciada no último dia 25 na Vila Cruzeiro, na Penha. Apesar do sucesso da investida, os M113 deixaram um rastro de destruição enquanto abriam caminho pelo morro. Durante a ação, um deles esmagou o Celta do advogado Felipe Fonseca da Silva, de 29 anos.

Felipe havia comprado um Celta por R$ 18 mil. Ele estava com o automóvel havia 15 dias e o guardou na garagem de um vizinho, na Travessa Aymoré, acreditando que estaria seguro. Ao voltar do trabalho, foi surpreendido com a notícia de que o carro estava destruído. Um M113 arrombou o lugar e passou por cima do Celta, estraçalhando-o.

— Uma vizinha me ligou e disse que o carro estava destruído. Não entendi nada. Os vizinhos me contaram que havia espaço para a manobra do blindado e que teriam feito isso de propósito. Fui reclamar lá embaixo com a Marinha, que não fez nada. Só me disseram para ir à ouvidoria montada no 16º BPM (Olaria), que é só para casos de abusos de PMs — contou o advogado, reclamando da falta de atenção da Marinha.

Processo contra a Marinha

O orçamento para recuperação do carro — que não tinha seguro — ficou em R$ 35 mil, quase o dobro do valor do veículo. Revoltado, Felipe pretende processar a Marinha.

— Nesse lugar que nós vivemos é difícil fazer a diferença. Foi com muito trabalho honesto e suor que eu consegui comprar o carro para vê-lo destruí-do em alguns segundos — disse o advogado.

Questionado, o 1º Distrito Naval encaminhou o caso ao comandante do Batalhão de Logística, capitão de mar-e-guerra Carlos Chagas, que não respondeu.




Delegada não registra ocorrência

O drama de Felipe Fonseca da Silva não se limitou a ver seu carro estraçalhado pelos blindados. Além de não ter sua queixa recebida pela Marinha, ele se deparou com a burocracia policial. Felipe tentou registrar o caso na 22ª DP (Penha), mas a delegada Márcia Beck Simões se recusou a atendê-lo. Segundo o advogado, a policial lhe mandou um recado através de um inspetor.

— Fui registrar a ocorrência na 22ª DP e não consegui porque um inspetor repassou o que a delegada disse, que não havia dano na modalidade culposa (sem intenção de fazê-lo) — lamentou.

Sorte ao esbarrar no subchefe

Por fim, Felipe topou com a sorte. Cabisbaixo perto de casa, foi visto pelo delegado Túllio Pelosi, diretor da Polinter. Ao saber da história, o policial o apresentou ao subchefe de Polícia, Rodrigo de Oliveira:

— Foi ele quem me encaminhou para a 21ª DP (Bonsucesso), onde consegui registrar a ocorrência (02108397/2010) como fato atípico. Agora posso processar a Marinha, porque foram eles que destruíram o meu carro.

Procurada por telefone e por e-mail, a delegada não respondeu. A Chefia de Polícia Civil também não quis se manifestar sobre o caso.




O tio de Felipe, o marceneiro José Gomes da Fonseca, de 64, chora ao mostrar que parte da varanda de casa foi reduzida a escombros. Um tanque da Marinha derrubou um poste na Rua Nossa Senhora de Aparecida, que caiu em cima da casa do marceneiro.

— Eu trabalhei 40 anos com carteira assinada. Sou aposentado. Vou ter que tirar do salário que é pouco para consertar o estrago? Eu não tenho condições de arcar com todos os custos da obra — afirmou José.

A preocupação é a mesma da família de José Renato Silva de Aquino, que mora na mesma rua. Um blindado da Marinha ficou preso na via, destruiu o meio-fio e abalou a estrutura da casa. Com medo, José Renato, a mulher e os dois filhos pequenos fugiram no meio do tiroteio para uma igreja. Na volta, encontraram várias rachaduras no imóvel e ajulejos do banheiro caíram.

— Tem hora que a casa parece que está balançando. A gente fica com medo, mas não tem outro lugar para ir. O jeito é esperar que alguma autoridade tome uma providência — disse José Renato.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ato do MST no Centro do Rio

NIBRAHC convida

O Núcleo de Identidade Brasileira e História Contemporânea (NIBRAHC/UERJ) convida para o lançamento do livro "Sonho de uma Polícia Cidadã: Coronel Carlos Nazareth Cerqueira" de Oswaldo Munteal, Ana Beatriz Leal e Íbis Silveira Filho.

A obra conta com textos do Coronel Nazareth Cerqueira e com entrevistas de Vera Malaguti Batista, Nilo Batista, Coronel Sérgio Antunes de Barbosa, Coronel Jorge Braga, Elizabeth Leeds, Mina Seinfeld de Carakushansky e Coronel Ubiratan de Oliveira Ângelo.

Em 10 de dezembro haverá o pré-lançamento, com distribuição gratuita de exemplares a partir das 15h na sala do NIBRAHC,
9o. andar, Bloco D, sala 9005-D na UERJ.


terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Homenagem (In Memorian) ao combatente contra a ditadura

Eduardo Collen Leite, o BACURI

***

Eduardo Leite, o Bacuri, militante revolucionário que participou da resistência armada contra a ditadura militar. Preso no dia 21 de agosto de 1970 e barbaramente torturado e mutilado durante 109 dias. Não forneceu nenhuma informação aos seus algozes.

Foi sequestrado em 27 de outubro de 1970: “Às 0h50 da madrugada de 27 de outubro de 1970, Bacuri foi retirado da cela, sendo carregado, pois já não conseguia andar devido às torturas que sofrera. Ao perceberem o que acontecia, cerca de cinquenta presos que se encontravam no Dops, começaram a gritar e bater nas portas de metal com pratos e canecos. Bacuri jamais foi visto outra vez por qualquer preso político. Sua vida estava nas mãos dos torturadores. Um policial do esquadrão da morte, Carlinhos Metralha, disse que Bacuri tinha sido levado para o sítio particular de Fleury, usado para torturar os presos especiais e os que deveriam ser executados. (...)”.

Em 7 de dezembro, 42 dias após seu sequestro do DEOPS, Bacuri é assassinado e a ditadura monta uma farsa: em 8 de outubro "os jornais do país publicavam nota oficial informando a morte de Eduardo em um tiroteio nas imediações da cidade de São Sebastião, no litoral paulista."

“O corpo de Eduardo Leite foi entregue à família coberto de hematomas, cortes profundos, escoriações, queimaduras generalizadas por toda a parte, dentes arrancados ou quebrados, orelhas decepadas e olhos vazados, dois tiros no peito e outros dois na cabeça”.

Bacuri, exemplo de militância revolucionária, de determinação e coragem no combate à ditadura e ao seu aparelho repressivo.

Bacuri, presente!

domingo, 5 de dezembro de 2010

Nota do PCB sobre a "Guerra ao Tráfico" no Rio de Janeiro‏

http://www.resistir.info/brasil/manipulacao_30nov10.html

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Complexo do Alemão:

A manipulação da "vitoriosa guerra contra o tráfico"

por PCB [*]

Estimulada por uma mídia burguesa, aliada ao governo do Estado do Rio de Janeiro e à sua política de Segurança Pública, a população brasileira tem a falsa impressão de que a região metropolitana do Rio de Janeiro está prestes a viver novos dias, com uma melhora qualitativa da sensação de segurança.

Foi a busca por tal sensação de segurança que levou a grande maioria dos trabalhadores, além da totalidade dos setores médios e da elite, a parar frente à TV nos últimos dias para assistir a um espetáculo midiático, comparável à invasão do Iraque pelo imperialismo norte-americano. Era como um filme de mocinhos e bandidos, em que a grande maioria torcia avidamente para que as polícias militar e civil e ainda as Forças Armadas, simplesmente eliminassem a vida de varejistas do tráfico de drogas – mesmo que, a custo disso, morressem inocentes, e bairros populares fossem transformados em verdadeiras praças de guerra.

Os últimos acontecimentos vêm confirmar o caráter de ocupação de uma zona de guerra, onde os civis, de solo ocupado, pouco ou nenhum direito têm. Multiplicam-se denúncias ora formais, ora pelos sussurros escondidos pelo medo de moradores que tiveram dinheiros roubados pela polícia, ameaças de agressão, desaparecimentos sem explicação nenhuma dos órgãos oficiais. Cenas que parecem reflexos de um Haiti ocupado pela ONU e pelo Brasil, onde uma forte criminalização dos movimentos sociais, e da própria população ocupada, que tem até o direito de ir e vir questionado pelas "autoridades".

As denúncias ganham espaços de rodapé nos noticiários, que continuam colocando como manchete as glórias de uma policia que ganhou status de "nada consta" em sua corrida folha de crimes e corrupções, de conivência e até favorecimentos a facções criminosas e grupos de milícias.

Num quadro onde o secretário de Segurança do Estado, Beltrame, cercado por um forte aparato policial e militar, e todas as pompas da mídia visita a área, como legitimo representante de uma força de ocupação, como se se tratasse de um território inimigo. Apresentando mais uma vez para a população local, a única face do estado para os trabalhadores, a face da repressão.

Ao PCB preocupa esse fato: estimula-se, entre a população, uma visão fascistóide de mundo, como se "limpezas finais" fossem soluções para qualquer conflito. A História já demonstrou, através de vários exemplos, que tal pensamento deve ser firmemente combatido. Após as últimas ações, ocorridas nesse final de semana no complexo do Alemão, impõem-se algumas afirmações e questionamentos. Crer que os acontecimentos da última semana garantirão a segurança desejada pela população é equivocado; transmitir isso para população – como vêm fazendo os meios de comunicação – é propaganda mentirosa.

Há décadas o tecido social no Rio de Janeiro vem se deteriorando por culpa de interesses capitalistas tanto na organização do território quanto na oferta de serviços e equipamentos públicos para a maioria da população.

OLIMPÍADAS E CUSTO DE VIDA

Tal fato tende a se agravar: o custo de vida na região metropolitana do Rio cresce exponencialmente desde que a cidade foi escolhida sede das Olimpíadas de 2016, e o exemplo mais nítido disso está no mercado imobiliário. Ter um teto sob o qual morar, no Rio de Janeiro, está cada vez mais caro. Para piorar a situação, a população desta região metropolitana vive com os maiores custos de alimentação e transporte público do país.

Ao mesmo tempo, as políticas de emprego, geração e transferência de renda, educação, saúde, além da oferta de equipamentos esportivos e sócio-culturais são cada vez mais vilipendiadas pela lógica capitalista de ausência e desresponsabilização do Estado.

Não à toa as Oscips no setor de atendimento médico e o desempenho pífio dos estudantes do estado nos exames do Ministério da Educação, além de fatores de menor repercussão midiática, como a concentração de cinemas e teatros nas áreas mais abastadas da cidade, bem como a ausência de locais para o lazer. Concentram-se nessas áreas do Rio de Janeiro os piores indicadores sociais, os maiores índices de gravidez adolescente, a maior incidência de subemprego, as maiores deficiências de saneamento básico, etc.

Tais fatos foram jogados para debaixo do tapete nas últimas eleições, numa aliança explícita entre os grandes grupos de mídia e o atual grupo político que comanda o Rio de Janeiro. Ao contrário de sua postura quase sempre denuncista e falsamente moralizante, a imprensa burguesa chegou ao ponto de escamotear a existência de trabalho escravo e os claros indícios de enriquecimento ilícito, materializado entre outras coisas em mansões em Angra dos Reis (RJ); fatores que atingiriam politicamente personagens fundamentais desse agrupamento político.

COPA, OLÍMPIADAS & ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA

No meio de tudo isso está a atual política de Segurança Pública do Rio de Janeiro. É ela a fiadora de manchetes mentirosas e da ação hegemônica em criminalizar a pobreza entre a população. É a atual política de segurança pública, materializada fundamentalmente nas UPPs, que poderá viabilizar projetos políticos maiores para alguns e o lucro crescente para setores fundamentais da burguesia brasileira e carioca: com a copa do Mundo de 2014 e as olimpíadas de 2016, é preciso garantir uma sensação de segurança mínima para expandir a especulação imobiliária, os serviços de telecomunicações/mídia e os grandes investimentos em infra-estrutura e transporte urbanos, num ciclo propício à corrupção há muito conhecido.

Cabe assim o registro que se segue, publicado pela revista Piauí: as UPPs são um dos maiores "cases" de marketing dos últimos anos. De acordo com a publicação, os "serviços de comunicação e divulgação" da Secretaria de Segurança do Rio saltaram de R$ 66,9 milhões para R$ 91,7 milhões. Além disso, o secretário José Beltrame já promoveu 138 almoços com "formadores de opinião" desde a posse, e deu 223 entrevistas, sendo que 39 para a imprensa estrangeira, sempre com as UPPs como jóias da pauta.

Assim, é preciso dizer claramente: a atual política de Segurança Pública do Rio de Janeiro é uma farsa, que se presta à expansão dos investimentos privados e a garantia de lucros futuros para grandes grupos do capitalismo internacional e brasileiro.

O controle do território pelo estado – principal ponto da atual política de Segurança Pública e lógica que justifica as UPPS – só vale para algumas localidades, próximas às áreas mais nobres da capital, que servirão como base territorial para a expansão dos investimentos privados e públicos.

1020 FAVELAS

Para corroborar nosso ponto de vista, e desmascarar a falácia do atual governador de que todas as comunidades serão "libertadas", está a mais pura e simples matemática: existem cerca de 1.020 favelas na região metropolitana do Rio de Janeiro. Hoje as UPPs estão em 14 delas, com um contingente de quase quatro mil policiais (10% do efetivo da PM). Não há orçamento neoliberal que garanta pessoal suficiente para ocupar as mais de 1.000 favelas sem UPPs.

Por outro lado, e estranhamente, todas as UPPs foram instaladas em locais comandados por uma única facção criminosa. Para a Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde vivem mais de 50% da população da cidade e local no qual mandam as milícias (criminosos de farda), não há projeto de UPP.

Foram tais fatores que apenas deslocaram o crime organizado para pontos mais distantes da região metropolitana e, em alguns casos, fizeram mudar de mãos o controle de alguns pontos do varejo das drogas, inclusive em comunidades ditas "pacificadas" pelas UPPs. Estas mudanças por vezes se deram através de acordos, por vezes através da disputa de território – com os tiroteios típicos que vitimizam trabalhadores e inocentes. Não é por outro motivo que, em todas as operações policiais para instalar as atuais 14 UPPs, não houve sequer uma dezena de prisões, um quilo de entorpecente ou uma mísera arma de grosso calibre apreendidos. Isso também explica de onde surgiram tantos armamentos e varejistas do tráfico nas imagens veiculadas pela TV desde a última quinta-feira. Armas que, aliás, não foram fabricadas no interior daquela localidade. Chegaram até ali através de uma cadeia que a muitos interessa manter, pois a muitos enriquece: no atacado pela corrupção; no varejo através dos "arreglos" pagos a bandidos de farda.

Esta cadeia do tráfico permanece intocada, como bem sabem os moradores de localidades subjugadas pelas milícias. Os grandes traficantes de drogas e contrabandistas de armas, durante estes dias da "guerra do Complexo do Alemão", estavam incólumes em suas ricas residências nos bairros nobres, assistindo tudo pela televisão para acompanhar os rumos de seus negócios. Provavelmente estes atacadistas já têm seus interlocutores e sócios entre aqueles que "ocuparão" a Vila Cruzeiro e o Complexo do Alemão.

Ademais, é preciso esclarecer os motivos que justificaram as ações policiais promovidas desde a última quinta-feira: quem de fato promoveu os incêndios de automóveis? Por que tais ações se diferenciaram em muito das promovidas anteriormente pelo tráfico de drogas, inclusive permitindo que os cidadãos se retirassem dos meios de transporte? Por que tais ações se reduziram em muito desde que a ocupação da Vila Cruzeiro virou fato consumado, já que poucos foram os presos até o momento?

Para o PCB, é imperativo o esclarecimento de tais fatos. Que as investigações da polícia e da justiça sejam transparentes e abertas à participação de entidades da sociedade civil.

Por fim o PCB afirma: a culpa pelo atual estado de coisas é do capitalismo, de sua lógica e de seus interesses. Ele é o inimigo a ser combatido e derrotado pelos trabalhadores.

30 de novembro de 2010

Partido Comunista Brasileiro

Secretariado Nacional

Comitê Regional do Rio de Janeiro