domingo, 24 de julho de 2011

CINECLUBE ABI-CAL - "CIDADÃO BOILESEN" (DIA 28/07/11 - 18:30 h - na ABI-RJ)‏

O Cine ABI, em parceria com o Cineclube da Casa da América Latina,

Apresentam:

Cidadão Boilesen

Direção de Chaim Litewski

2009
Documentário 92 min.


28 de julho
quinta-feira
a partir das 18h30



na ABI
(Associação Brasileira de Imprensa)
Rua Araújo Porto Alegre, 71 - 7° andar
Centro (próx. ao metrô Cinelândia)


Sinopse:
    Um capítulo sempre subterrâneo dos anos de chumbo no Brasil, o financiamento da repressão violenta à luta armada, por grandes empresários, ganha, neste filme, contornos mais precisos neste perfil daquele que foi considerado o mais notório deles. As ligações de Henning Albert Boilesen (1916-1971), presidente do grupo Ultra, com a ditadura militar, sua participação na criação da temível Oban – Operação Bandeirantes – e acusações de que assistiria voluntariamente a sessões de tortura emergem de diversos depoimentos de personagens daquela época.
Após a exibição do filme, haverá debate. 

Serão concedidos certificados aos participantes. Os 25 primeiros que chegarem terão direito a pipoca e guaraná grátis!
    cortesia: Sindipetro-RJ
    apoio: ABI Associação Brasileira de Imprensa
    realização: Casa da América Latina

sexta-feira, 22 de julho de 2011

UNE- Vergonha Nacional.


A farsa da meia passagem para o estudante universitário cotista ou bolsista do PROUNI está posta. Começou esta semana (segunda – 18/07/2011) o malfadado cadastramento dos estudantes, realizado pela Secretaria Municipal de Transportes/Rio CARD. Para que o cadastro seja feito (PASMEM) é necessário a apresentação da carteira de identidade estudantil fornecida pela UNE, pois a carteirinha fornecida pela universidade não serve. O que isso quer dizer?!
Quer dizer que: este DIREITO ou melhor MEIO DIREITO já que se trata de MEIA PASSAGEM - que deveria ser conferido aos estudantes bolsistas ou cotistas do ensino superior matriculados nos cursos de graduação de instituições de ensino no Município do Rio de Janeiro – só está garantido para os que forem filiados a UNE, e isso nos leva a pensar em alguns pontos:   
1º Eles querem fazer número, pois hoje a UNE é uma organização artificial que há tempos não representa mais os anseios da classe estudantil.
2º A meia passagem não é fruto da luta real no movimento estudantil, e sim fruto de um acordão UNE/Governo do Estado. Esta entidade, que diz nos representar, é um laboratório de políticos profissionais.
Sabemos que, os que precisam irão se render a isto. Pagarão os R$20,00 reais para obter a carteirinha no intuito de fazer o cadastro, POR NECESSIDADE APENAS. E NÃO POR ACREDITAREM E LUTAREM POR UMA UNIÃO NACIONAL ESTUDANTIL DIGNA E INDEPENDENTE. FICA AQUI O NOSSO MANIFESTO CONTRA MAIS ESSA FALÁCIA DA UNE OPORTUNISTA. 

Centro Acadêmico de História - UERJ
Gestão Filhos da Pública 5ª Internacional 

sábado, 9 de julho de 2011

WikiLeaks: Massacre da Praça da Paz Celestial foi um mito

Quantas vezes já nos disseram que os Estados Unidos são uma sociedade "aberta" e a mídia é "livre"? Geralmente tais frases são usadas para criticar outros países que não são "abertos", principalmente quando esses países não seguem a cartilha de Washington.


Por Deirdre Griswold, no Workers World
Se você mora nos Estados Unidos e depende da mídia comercial supostamente "livre" e "aberta" para se informar, sem sombra de dúvidas você acreditará que o governo chinês massacrou "centenas, talvez milhares" de estudantes na Praça da Paz Celestial, em 4 de junho de 1989. Desde então, essa frase foi repetida milhares de vezes pela mídia dos Estados Unidos.

Mas isso é um mito. Ainda por cima, o governo dos Estados Unidos sabe que é um mito. E todas as grandes mídias também sabem disso. Mas elas se recusam a corrigir a informação, por causa da hostilidade exibida pela classe dirigente do imperialismo americano contra a China.

E baseado em que faço essa afirmação? Diversas fontes.

A mais recente é a transmissão de vários telegramas, vazada pelo site WikiLeaks, da embaixada dos Estados Unidos em Pequim para ao Departamento de Estado dos EuA em junho de 1989, poucos dias depois dos acontecimentos na China.

A segunda é uma afirmação, feita em novembro de 1989 pelo chefe da sucursal pequinesa do jornal americano The New York Times, uma afirmação que jamais foi repetida pelo jornal.

E a terceira é o relato feito pelo próprio governo chinês do que aconteceu, o que é corroborado pelas duas fontes anteriores.

Somente um grande jornal do ocidente publicou os telegramas vazados pelo WikiLeaks a respeito do assunto. Foi o britânico The Telegraph, de Londres, que publicou material sobre o assunto exatamente no dia 4 de junho, exatamente 22 anos depois que o governo chinês colocou as tropas nas ruas de Pequim.

Dois telegramas, datados de 7 de julho de 1989, mais de um mês depois dos acontecimentos, relata o seguinte:

"Um diplomata chileno foi testemunha viva dos soldados entrando na Praça da Paz Celestial. Ele viu os militares entrarem na praça e não observou nenhum disparo em massa sobre a multidão, embora tenha escutado disparos esporádicos. ele disse que a maioria das tropas que entrou na praça estava armada apenas com dispositivos anti-motim, como escudos e cassetetes; eles foram apoiados por soldados armados".

Um outro telegrama dizia o seguinte: "Um diplomata chileno testemunhou no local os soldados ocupando a Praça da Paz Celestial: embora alguns disparos pudessem ser ouvidos, ele disse que não viu nenhum fogo contra a massa de estudantes, viu apenas alguns deles apanharem".

Deve-se lembrar que o Chile ainda vivia sob a ditadura do general Augusto Pinochet, que chegou ao poder via um violento golpe de extrema-direita, anti-socialista, apoiado pela direita dos Estados Unidos, no qual milhares de esquerdistas, incluindo o presidente do país, Salvador Allende, foram mortos. O tal diplomata chileno presente nos eventos na China não poderia ser considerado, jamais, um simpatizante da China.

Nenhum jornal americano, rede de televisão aberta ou a cabo, reportou ou comentou esses telegramas revelados pelo WikiLeaks, nem sequer a matéria do Telegraph sobre eles. Como sempre agem nessas ocaisões, fizeram um silêncio profundo sobre o tema.

Será que foi porque eles não acreditaram que a matéria do Telegraph tivesse credibilidade? Dificilmente.

Eles sabiam a verdade em 1989

O The New York Times sabe que tinha credibilidade. Seu próprio chefe de sucursal em Pequim na época, Nicholas Kristof, confirmou isso em um longo artigo, intitulado "Atualização da China: Como os linha-duras venceram", publicado na edição de domingo do caderno Sunday Times, em 12 de novembro de 1989, apenas cinco meses depois do suposto massacre na praça.

Bem no fim do artigo, cujo propósito era mostrar "por dentro" o debate entre a liderança do Partido Comunista Chinês, Kristof afirma categoricamente: "Baseado em minhas observações nas ruas, nenhuma versão está certa, nem a oficial nem as feitas por estrangeiros. Não houve massacre na Praça da Paz Celestial, embora tenha havido muitas mortes em outras partes".

Mesmo considerando que o artigo de Kristof é excessivamente crítico em relação à China, sua declaração de que "não houve massacre na Praça da Paz Celestial" fez com que virasse alvo das críticas de vários detratores da China nos Estados Unidos, como se viu nos dias posteriores na coluna de cartas do jornal.

Houve conflitos em Pequim? Claro que sim. Mas não houve massacre de estudandes desarmados na praça. O que aconteceu foi uma invenção do Ocidente para demonizar o governo chinês e aumentar a simpatia pública por uma contra-revolução.

A viragem no rumo de uma economia de mercado sob o governo de Deng Xioping alienou muitos trabalhadores. Houve também um elemento contra-revolucionário, tentando obter vantagem com o descontentamento popular para restaurar completamente o capitalismo na China.

Os imperialistas torciam para que os conflitos em Pequim trouxessem a um colapso o Partido Comunista da China e destruísse a planificação da economia – semelhante ao que ocorreu dois anos depois à União Soviética. Eles queriam "abrir" a China, não de verdade, mas para permitir aos bancos e corporações imperialistas o saque dos bens públicos.

Após ter ficado de sobreaviso por algum tempo, o Exército Popular de Libertação foi chamado e a sublevação foi esmagada. A China não se extinguiu como a União Soviética. Sua economia não implodiu nem caíram os padrões de vida. Muito pelo contrário. Salários e condições sociais foram melhorados ao mesmo tempo que trabalhadores ao redor do mundo são obrigados a arcar com severas crises do capitalismo.

A despeito de profundas concessões ao capitalismo, estrangeiro e doméstico, a China continua a ter uma economia planejada, baseada em uma forte infraestrutura estatal

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Mobilizados e vigilantes


Na tarde do dia 7 de julho de 2011 cerca de 30 alunos de história estiveram presentes na reunião extraordinária do Departamento de História para tratar exclusivamente dos concursos de história. Chamados pela convocação que o CAHIS fez no blog, lista de emails e redes sociais os alunos estiveram presentes para fiscalizar a reunião que definiria as áreas do departamento contempladas.
O CAHIS gostaria de agradecer a todos os alunos presentes e afirmar que nossa mobilização é o que faz com que os alunos tenham voz ativa nas decisões tomadas pelo departamento, assim como pelo IFCH.

“O povo organizado jamais será derrotado.” Francisco Julião



quarta-feira, 6 de julho de 2011

Reunião do Departamento de História

Atenção alunos do curso de História,


Nesta quinta-feira, 07/07, às 14h, na sala 9006A será realizada uma reunião extraordinária do Depto. de História com a seguinte pauta:




  • Concurso para o Departamento de História (2º semestre de 2011)
  • Assuntos Gerais


É importante que os alunos compareçam em peso. O assunto é do interesse de todos e a participação dos alunos torna-se indispensável. Nossa caminhada rumo a universidade que queremos passa pela participação em massa dos estudantes interessados.


Nessa reunião será discutida a realização do concurso de História que a COPAD liberou, fruto da nossa atuação no CSEPE em 2009, 2010 e 2011. Muitas áreas estão ficando cada vez mais defasada de professores e precisamos ser ouvidos em nossas reivindicações.


Compareçam!!!

terça-feira, 5 de julho de 2011

Visita ao Museu da MARÉ - Valendo Certificado.

A Disciplina "Estágio Supervisionado do CAP 3" estará visitando o museu da MARÉ no próximo dia 9 de julho (Sábado) com o Professor Humberto, o CAHIS ajudará a estender a atividade para todos alunos do curso de história. Estamos fazendo a divulgação, bem como forneceremos CERTIFICADOS para AACC. 

Como chegar?

Referência - Av Brasil Passarela 7, em frente a Escalo Bahia.
Endereço: Av. Guilherme Maxwell N° 26


Pontos de Encontro 
* Quem preferir ir direto para a Av. Brasil deverá se encontra no 'ponto 2' e quem não souber ir até lá pode se encontrar antes na UERJ 'ponto 1'.

  1.  9:00 UERJ (Portão em frente a São Francisco Xavier)
  2. 9:30 Escola BAHIA (Passarela 7)
Transponte

Ônibus 665 - Saens Pena/Pavuna
Van 665 - Saens Pena/ Av brasil 

Dúvidas - humbertossilva@hotmail.com

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Uma escola de verdade

No último feriado, atendendo a um convite, os alunos Gabriel (Valdiran), Fernando Pimentel e Carolyna Barroca foram conhecer a Escola Nacional Florestan Fernandes. Esta existe, principalmente, para atender as demandas do MST e é um grande exemplo de ações coletivas que podem transformar a sociedade. Sua estrutura abrange espaços destinados às aulas, alojamento de alunos matriculados nos cursos para os quais foram designados, quadra e uma grande área aberta, na qual também se encontra uma pequena horta para a subsistência dos alunos. Sua construção se deu com o trabalho coletivo de militantes do movimento e de brigadas de diversos estados. E na sua atual manutenção, o trabalho coletivo ainda se faz presente, visto que são os próprios alunos que se revezam na limpeza e na organização do espaço.
Seu projeto político-pedagógico não é feito da mesma maneira que as escolas regulares do resto do Brasil, incluindo as que ficam nos assentamentos do MST. A escola segue as demandas do movimento disponibilizando diversos cursos de âmbitos político, cultural, filosófico, e, principalmente, humanitário de durações variadas que dependem da disponibilidade de seus alunos. Muito de seus conteúdos e as discussões que são travadas aparentaram ser de melhor estrutura, organização e formação que alguns cursos do nosso próprio currículo de História. Mesmo aqueles que possuem duas semanas ou dois meses de duração. Mas ainda que seja estruturada para o MST, a escola não deixa de travar, todos os finais de semana, debates abertos a todos que queiram, com temas importantíssimos sobre questões atuais do Brasil e da América Latina, principalmente.
Por ser uma escola tão importante ao MST e, principalmente, por não seguir a ideologia educacional alienante da burguesia, a Escola vem sofrendo diversos ataques. Além dos ataques midiáticos dentre os quais, inclusive, já foi disseminado que é uma escola de formação de guerrilheiros do MST, a escola sofreu nos últimos dias um ataque do Estado paulista. Foi-lhe negado o direito de criar alguns animais que eram usados na alimentação dos alunos e professores mesmo enquanto os sítios no entorno possuam esse direito. A Escola sobrevive com doações financeiras de seus associados. Destes, nem todos possuem cunho ideológico revolucionário, mas acreditam e gostam do projeto desenvolvido pela escola.
Um projeto pautado, como já foi dito, na formação realmente crítica dos alunos e totalmente embasado no real humanitarismo, através do qual a noção de trabalho e diversas outras ações coletivas é a mola propulsora da transformação social.

Duas vitórias pelo preço de uma

CAIME PARA TODOS


O Centro Acadêmico de História – Gestão Filhos da Pública 5ª Internacional parabeniza todos os estudantes do Instituto de Matemática e Estatística (IME) que deram a vitória para a Chapa CAIME PARA TODOS. Desejamos força e ação para que nova gestão consiga trazer benefícios para o instituto, bem como para a Universidade como um todo.


E MAIS: VALEU PEDAGOGIA ... DE NOVO!


O Excelente trabalho da Gestão "Mudar é Possível" realizou ao longo de 1 ano no Centro Acadêmico Paulo Freire materializou-se em uma vitória expressiva nas urnas, dando mais um ano de trabalho para uma renovada gestão. Parabenizamos os estudantes de pedagogia pelo seu voto e lamentamos a maneira antiética como se portou a professora Eloíza e membros da Chapa 2 "Ativação" que fizeram uma campanha baseada em ataques pessoaisContudo os alunos não se deixaram enganar e o resultado deu-se de maneira ampla em favor da verdade, ou melhor da chapa 1 "Mudar é possível".

374 Votos: Chapa 1 - "Mudar é possível"
179 votos: Chapa 2 – “Ativação”

A Líbia prepara-se para a invasão da OTAN

1-3/7/2011, Franklin Lamb, Counterpunch (ed. fim de semana) 
http://www.counterpunch.org/lamb07012011.html

Trípoli, Líbia – Às 10h do dia 28/6/2011, o ministro da Saúde da Líbia mostrou-me pessoalmente suas estatísticas intituladas “Número atualizado de vítimas civis dos bombardeios da OTAN contra a Líbia” (19/3-27/6/2011).

Antes de o ministério divulgar os números, o que será feito hoje à tarde, comparei aqueles dados com os da Sociedade Líbia Crescente Vermelho, com grupos de trabalhadores da Defesa Civil nas áreas bombardeadas e com pesquisadores da Universidade Nassar, de Trípoli. Os números estão corretos.

E as Forças Armadas, até 1/7/2011, não divulgaram números oficiais de soldados líbios mortos.

Em resumo, o ministério da Saúde da Líbia computou, nos primeiros 100 dias dos ataques da OTAN contra populações civis na Líbia, um total de 6.121 mortos e feridos. Desagregando-se aqueles números, tem-se: 3.093 homens feridos e 668 mortos; 260 mulheres mortas e 1.318 feridas. 141 crianças mortas e 641 feridas.

655 feridos graves continuam hospitalizados e 4.397 estão sendo tratados em casa e em ambulatórios.

A OTAN tem dito que casas, apartamentos, escolas, lojas, fábricas, plantações e armazéns onde se estocam sacos de farinha são alvos militares legítimos – alegações nas quais ninguém com quem falei na Líbia acredita – e a OTAN ainda não apresentou uma única prova de que os 15 civis, a maioria crianças com mães e tias, que foram estraçalhadas por 8 foguetes da OTAN na vizinhança de Salman, semana passada, fossem alvos militares legítimos.

Em Trípoli, 3.200 grupos de cidadãos, que nada têm a ver com as Forças Armadas da Líbia, preparam-se ativamente para a possibilidade de a cidade ser invadida por soldados da OTAN ou por gente que está sendo armada e comandada pela OTAN. Estima-se aqui que a invasão da região chamada Grande Trípoli, a parte mais cosmopolita da cidade, acontecerá nas próximas semanas, ou meses.

Nas duas últimas noites, visitei algumas dessas áreas e continuarei por aqui. Bem ao contrário do que BBC, CNN e CBS têm noticiado, os arredores de Trípoli durante as noites de temperatura amena dessa época do ano não são áreas “tensas”, nem “perigosas para estrangeiros” nem estão ocupadas por soldados ou milícias armadas. Os líbios recebem com simpatia cidadãos americanos e outros. Muitos logo tratam de explicar o seu ponto de vista, praticamente dizendo, todos, que se trata muito mais de proteger-se e às suas famílias, suas casas, seus negócios, dos perigos de uma invasão estrangeira, do que de defender Gaddafi. Muitos apóiam Gaddafi – um nome e uma autoridade que conheceram com o leite de mamadeira. Mas dizem que lutarão até a morte para defender, antes, a revolução dos líbios e a independência dos líbios.
Nas conversas, vê-se que são muito bem informados sobre as razões da OTAN e sobre por que aqueles específicos países definiram Gaddafi e seu governo como seus alvos preferenciais, sem qualquer preocupação com o número de civis mortos. Como me disse um daqueles homens, em Trípoli: “O problema é o petróleo e a reorganização da África e do Oriente Médio”. 

Sentar e conversar com grupos de vizinhos que vigiam os quarteirões e bairros é meio muito interessante de conhecer de perto o povo líbio, e descobrir como veem os eventos que se desenrolam no país deles. 

É com certeza mais interessante e mais útil que permanecer nos bares dos hotéis onde se reúnem os jornalistas ocidentais que, de fato, trocam entre eles suas respectivas ideias feitas e pautas editoriais prontas, enquanto pontificam sobre “do que realmente se trata”, como me disse um deles, dia desses. Não consegui entender sequer o que teria a ver o que ele me dizia, com o que eu via nas ruas.

No final da tarde da 6ª-feira, 1/7/2011, espera-se que entre 500 mil e um milhão de cidadãos líbios reúnam-se na Praça Verde, no centro de Trípoli, para manifestar sua disposição de resistir aos ataques cada dia mais intensos da OTAN contra os civis. A maioria dos jornalistas ocidentais que estão em Trípoli não aparecerão por lá, em parte porque temem ser atacados, em parte porque já receberam ordens de suas editorias para “não legitimar, com sua presença, as manifestações”. Que fim terá levado o jornalismo do Oriente Médio?

As cidades líbias, quarteirões, bairros, preparam-se para a invasão por solo e para o combate direto contra os soldados de ocupação, com plano que bem poderia ter sido concebido por um general Giap do Vietnã ou Lin Peio, chinês, especialistas em defesa popular massiva. O plano foi organizado de casa em casa, rua a rua e prevê defesa armada.

Nem todos os defensores, que já há semanas trabalham na segurança dos bairros são militares, mas os mais velhos fizeram um ano de serviço militar obrigatório, ao sair do ginásio. Foram convocados e estão sendo instruídos e treinados todos os homens e mulheres capazes, entre 18 e 65 anos – mas há mais jovens e mais velhos, cuja colaboração não é rejeitada. 

Estão organizados em esquadrões de cinco, reunidos logo depois do treinamento e instruções. Funciona assim: todos os maiores de 18 anos devem apresentar-se à “Tenda” da rua onde moram, onde todos se conhecem. A pessoa alista-se, recebe um fuzil AK-47, M-16 ou outro tipo de arma leve e instruções de como operar a arma.

Conforme o nível de habilidade, ele ou ela recebe um crachá de identidade, com a especificação da arma que pode usar. Os que não conheçam armas, ou precisem de treinamento mais detalhado são encaminhados para área específicas, onde há instalações para treino, colchonete para dormir, banheiros e cantina.

O treinamento básico para os que não conheçam armas, homens e mulheres, é de 45 dias. Depois, são alistados por quatro meses. Cada novo soldado aceito recebe a arma (quase sempre um “Klash” AK-47 e 120 cintas de munição). Cada indivíduo deixa o campo de treinamento por uma semana, para ‘verificação’: podem discutir o treinamento e devem mostrar que não desperdiçaram munição (cada bala custa 1 dólar). Os aprovados nessa primeira fase passam à seguinte.

A primeira fase da ação é a segurança do próprio quarteirão, em turnos de oito horas (mulheres durante o dia, quando as crianças estão na escola; os homens, nos turnos da noite). Muitos homens têm trabalho regular e explicam que se apresentaram para um turno extra de trabalho, como voluntários, pelo país. Os alistados são admirados e ajudados pelos vizinhos. 

Assumi o compromisso de não falar do armamento já disponibilizado para essas brigadas, e de só falar de rifles, granadas, lança-foguetes (rocket propelled grenades, RPGs), mas, sim, estão armados.

Além de preparar a defesa armada de suas casas e famílias e vizinhos, essas brigadas voluntárias de defesa civil armada explicaram o que lhes cabe fazer. Quando uma área for bombardeada, têm de providenciar o resgate imediato dos moradores dos prédios atacados, encaminhá-los para os serviços médicos organizados em cada área, com especial atenção às crianças extraviadas, relacionar os reparos onde sejam possíveis, encaminhar as famílias para abrigos próximos e mais várias tarefas típicas de brigadas de defesa civil.

Cada ponto de controle em cada cidade passa a ser centro de controle de segurança para a comunidade vizinha. Os carros são revistados, mas em geral só o porta-malas. Na maioria dos casos, os motoristas e os brigadistas conhecem-se bem. Pelo posto em que fiquei, acompanhando o trabalho, passam muitos universitários, que também são da região. Vez ou outra, um dos carros pára e entrega uma bandeja de frutas ou uma vasilha de sopa etc. para os brigadistas. A atmosfera em geral é de solidariedade geral.

Os foguetes da OTAN têm visado muito diretamente esses postos de controle coordenados pela população, 50 dos quais estão localizados ao longo da estrada que acompanha a fronteira com a Tunísia até Trípoli. Por isso os postos funcionam sem iluminação à noite. Os que fazem o turno da noite recebem pequenas lanternas, com poderoso feixe de luz (ganhei uma delas, de presente, e, sim, funcionam muito bem).

Aqui onde estou, a maioria dos brigadistas são voluntários civis. Em outras regiões, mais para o leste, policiais regulares, homens e mulheres, já se uniram às brigadas da defesa civil; além dos que organizaram unidades clandestinas só de policiais.

Além de todos os demais problemas que já enfrenta, a OTAN encontrará resistência popular empenhadíssima, se decidir invadir a Líbia também por terra.