sexta-feira, 14 de março de 2014

#SemanadeLutadasMulheres - Feminismo Lésbico


Sexto dia da #SemanadeLutadasMulheres do CAHIS. Hoje, falaremos um pouco mais sobre feminismo lésbico, sobre os estigmas e preconceitos que uma mulher lésbica sofre na nossa sociedade.

Além da misoginia e do machismo, elas também passam por diversas situações de lesbofobia, e sua visibilidade é comprometida até mesmo dentro do movimento LGBTTT, que vem recebendo algumas críticas por suas manifestações estarem centralizadas na luta dos homens gays. O que mostra que mesmo nesse espaço de militância de grupos marginalizados e oprimidos, ainda sim as mulheres são silenciadas e tratadas como invisíveis.

É importante destacar também que a sexualidade e os relaciomentos de mulheres lésbicas são sempre colocados sob uma perspectiva heteronormativa* e fetichizados. Como diz Erykah Badu "as pessoas se incomodam com a sexualidade que não é para o consumo masculino".
Muitos tem dificuldade de entender como mulheres podem ser felizes e realizadas sem a presença de um homem em suas vidas. Lésbicas são vistas como pessoas incapazes de amar e que apenas se relacionam para o sexo, e o sexo da indústria pornográfica, voltado para o público masculino. Ou ainda são tratadas como mulheres insatisfeitas e frustradas que tentam ser homens. O que além de ser extremamente lesbofóbico, também é equivocado, pois identidade de gênero e orientação sexual não são a mesma coisa. 

*explicando a  heteronormatividade: "Numa acepção etimológica da palavra, “hetero” que em Grego quer dizer “diferente” e “norma” que em Latim quer dizer “esquadro”, constituem a formação da palavra heteronormatividade, ou seja, um conjunto de ações, relações e situações praticadas entre pessoas de sexos opostos. Assim, toda uma gana de sexo, sexualidade e identidade de gênero deveriam se esquadrar dentro dos moldes da heteronormatividade, sendo esta a única orientação sexual considerada “normal”. A grande discussão em torno dessa palavra é a limitação que ela impõe aos LGBTTs(Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transex), uma vez que no ceio de sua origem há uma gana de proibições que acabam dando origem a discriminações, preconceitos e, consequentemente homofobia". Fonte: Ser Feliz é Ser Livre - O que é Heteronormatividade?
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Começaremos as nossas indicações de hoje com o texto “Lésbicas: invisibilidades e violências”, de Ticiane Figueirêdo, publicado no site Blogueiras Feministas. O texto mostra o assunto tratado no início da postagem: a questão da invisibilidade das mulheres lésbicas na sociedade e no movimento LGBTTT, a partir da data de 29 de Agosto, Dia da Visibilidade Lésbica. Fala também sobre o grave problema do “estupro corretivo”, prática de agressão legitimada pelo discurso heteronormativo de que uma mulher só é lésbica porque não encontrou um homem másculo o suficiente para satisfazê-la. 
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Selecionamos também o texto “Lesbianidade uma forma de resistência” de Jully Soares, também publicado no Blogueiras Feministas, que fala sobre os esteriótipos que são constantemente reproduzidos acerca das mulheres lésbicas, sempre associados a ideia de masculinização, e sobre a fetichização de suas relações. É interessante a perspectiva da autora de que quando duas mulheres escolhem se relacionar entre si, sem a presença de homens, elas criam uma forma de resistência ao sistema patriarcal, que tem como uma de suas bases a heteronormatividade das relações e a objetificação das mulheres para servir ao desejo dos homens. Outro ponto levantado pela autora, é que a lesbianidade quebra com a ideia de que mulheres são sempre inimigas, rivais e estão constantemente em competição umas com as outras. Na verdade, a relação homoafetiva entre duas mulheres prova que estas podem se amar, se querer bem, e não viverem em guerras para ganhar a atenção de homem algum.
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Além desses dois textos, segue também uma entrevista com Ochy Curiel para IHU On-Line. A entrevistada é uma ativista feminista que escreveu um artigo sobre o caráter político das relações entre mulheres lésbicas “El Lesbianismo Feminista: una propuesta política transformadora”. 
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Por fim, nossa indicação de filme hoje: um filme brasileiro (que inclusive passou por dificuldades em busca de patrocínio justamente por sua temática, como mostra a entrevista do diretor Bruno Barreto). O filme em questão é "Flores Raras", de 2012. A trama se passa em 1951, em Nova York e no Rio de Janeiro. A personagem principal é Elizabeth Bishop (Miranda Otto) uma poetisa insegura e tímida, que apenas se sente à vontade ao narrar seus versos para o amigo Robert Lowell (Treat Williams). Em busca de algo que a motive, ela resolve partir para o Rio de Janeiro e passar uns dias na casa de uma colega de faculdade, Mary (Tracy Middendorf), que vive com a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares (Glória Pires). A princípio Elizabeth e Lota não se dão bem, mas logo se apaixonam uma pela outra. É o início de um romance acompanhado bem de perto por Mary, já que ela aceita a proposta de Lota para que adotem uma filha.

O filme mostra com leveza a relação amorosa entre mulheres, o companheirismo e a cumplicidade, além das turbulências comuns em qualquer relacionamento. Vale assistir.


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"Quando uma mulher escolhe ficar com outra mulher, ela envia uma mensagem de resistência, diferentemente do que o patriarcado diz, do que o sexismo diz, ela não precisa se curvar à suposta superioridade masculina, nem precisa de homem nenhum para viver, para ser feliz ou mesmo para se sentir satisfeita sexualmente." - Jully Soares - Lesbianidade: uma forma de resistência
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